quinta-feira, fevereiro 08, 2007

Norton.

Meu chefe sempre monitorou as cagadas aqui no escritório. Tentou implantar horários e prazos mas a mãe natureza não respeita e nem admite imposições. Numa ultima e surpreendente ação terrorista, o chefe trocou o papel higiênico. Foi pessoalmente ao mercado, analisou texturas, maciez e escolheu, literalmente a dedo, o papel menos ineficaz.
Não se tratava do papel mais barato, era de preço mediano e com uma embalagem bastante sofisticada. Só não funcionava.
E fui eu o primeiro a provar a aquisição.
Caguei meus habituais 900 gramas de merda, e preparei- me para a limpeza local. O rolo ali ao lado, novo, cheio e devidamente instalado. Puxei uns 50 centímetros. Ao corta-lo, já previ problemas.
- Caralho, isso é cartolina?? Só pode ser...rask...pelo amor de Deus...RASK... fiz força pra rasgar um papel higiênico?!?
Usei as duas mãos e assim consegui um bom pedaço. Cada individuo tem uma maneira peculiar de limpar a bunda. Uns da esquerda pra direita, outros inversamente, têm os que limpam de cima pra baixo e por ai vai. Eu dobro o papel , dou uma geral superficial que finda numa blitz de operação padrão dos fiscais da receita federal. Na primeira passada notei algo errado e tive certeza que o movimento só fez mudar a sujeira do lugar.
- Mas que porra é essa??! Esse papel é plastificado??!?
Era. Alem de ser duro como um papel cartão , o maldito brilhava feito uma chapa de pulmão . Nunca passei um cartão de visita desses que tem fotos coloridas no rabo, mas a sensação deve ser a mesma.
Amassei , rezei, esfreguei no chão, molhei e nada, nada amaciava ou destruía aquela desgraça de papel a prova de merda. Espalhei bosta na bunda toda. O cu, que nunca passará por situação tão agressiva, já demonstrava fortes sinais de stress na forma de dor.
E todo mundo, talvez numa situação emergencial ou parecida, sabe o que é sair do banheiro com a nítida impressão de estar cagado.
Voltei-me ao trabalho sob o olhar atento do chefe. Fiz cara de azulejo e continuei a trabalho como se tudo estivesse na mais perfeita normalidade. Não estava. Demoram-se apenas trinta minutos para eu voltar aflito com a situação ao banheiro. Meu chefe:
- De novo?
- É...um mocotó que comi ontem...
No banheiro, uma pilha de papel lotava a cesta, evidenciava outras vitimas . Arreei as calças e a cueca branca parecia uma cabeceira de pista de aeroporto. Freadas fortes , longas e largas cintilavam a metros de distancia.
- Pultaquipariiiil!!
Era fato consumado. Não seria uma pia com esses sabonetes líquidos e altamente diluídos pelo nobre chefe, que faria alguma limpeza na cueca, como eu mesmo conferi. Tentei amenizar a situação da bunda na pia, e tentar limpar a bunda na pia de um minúsculo banheiro só lhe molha a roupa e espalha água contaminada por todo corpo. Eu era a merda em forma de gente.
Saio do banheiro vencido, humilhado, vestindo uma cueca molhada, borrada e , suponho, cheirando a rego dos pés a cabeça, quando a vadia da estagiaria gostosona, me aborda com olhar insinuante depois de anteriores investidas sem resultado que lhe dei:
- Vamos ao almoxarifado comigo? É que quero te mostrar minha tatuagem nova...
- Errrrrrr.....

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