terça-feira, dezembro 26, 2006

sábado, dezembro 23, 2006

Bom Natal e 2007.

E voltem inteiros. É uma ordem isso.

\/elho

sexta-feira, dezembro 22, 2006

FÉRIAS!!!!!!!

INAUGURAÇÃO DO MEU BAR, MUITA, MUITA CERVEJA E MUITA CARNE.

VOLTO DIA 08, APÓS A TRADICIONAL INJEÇÃO DE GLICOSE.

PS. VELHO, CADÊ A 2º PARCELA DO 13º SALÁRIO??? NÃO ERA DIA 20?

quarta-feira, dezembro 20, 2006

Foi mais ou menos assim.

Num dia de pouco calor na Bahia (não que esteja frio, mas é só cair um tiquinho de temperatura, que baiano já acha frio) e se planeja uma feijoada. De noitinha, separa-se as carnes salgadas e o escaldo vai a seguir. Tenho cebola, folhas de louro, alho, paio, lingüiça, feijão e fundamental, uma negra forte e a muito na família para fazer sua mágica. O fogo é no chão e o panelão é velho. E pela madrugada adentro, vai se cuidando da iguaria. A negra não dorme direito e confere de tempo em tempo, feito mãe com cria nova, acertando a mistura e passando a colcha devagar na panela, só por capricho. Lá pelo meio do dia seguinte, já com couve, pimenta e farofa na mesa, a fome que já foi devidamente ampliada pelos aperitivos e caipirinhas, atinge seu ápice, na certeza de ser matada da melhor maneira que se pode. O almoço dura umas boas três horas e um licor doce o encerra.
O ultimo se levantar, apóia os braços na mesa e sente o peso da digestão. Depois disso tudo, vem a preguiça, um zonzo de satisfação, quase um pós-gozo.

Dorival Caymmi é o maior artista do mundo na arte da vadiagem. Você olha pra cara dele e quase boceja. Aquele olhão caído, sem rumo, cheio de sono, é a preguiça em forma de gente. Se não me falha a memória, foi num dialogo dele com Chico Buarque que saiu a perola. Eles divagavam sobre o que tinham acabado de comer, devidamente instados em confortáveis redes quando Dorival disse que faltava um gato na feijoada. E explicou para que não houvesse duvida:
- Um gato no colo, pra gente ficar passando a mão aqui na rede.

segunda-feira, dezembro 18, 2006

D.C. e o caso da ziquizira na Praia da Jênaina.


Estávamos eu e Jesus fazendo nada, deitados sob a necessária sombra de uma arvore. Só faltava um gato pra fazer carinho.
- Ah Jê, nem te falei, sonhei contigo!
Jesus tem os olhos pesados de preguiça e ajeita as costas procurando mais conforto:
- Lá vem bucha...
- Serio. Sonhei que minha vida toda se passava na areia de Praia Grande, lá em São Paulo. Cada passo era uma etapa, e tinha pegada sua também no trajeto.
- Putz, mas logo na Praia Grande?? Não tinha um lugarzinho melhor não, Velho?? Uma praia mais descolada??
Cuspo o caule de capim que tinha na boca e continuo:
- Ah cara, é sonho , né? Mas o lance é que tu me fudeu no sonho. Em varias etapas da minha vida, tuas pegadas não estavam lá. Significa que tu é féla mesmo, quando o negocio apertava pro meu lado, tu vazava. Como tu me explica essa sacanagem??
- Sempre essa historia, mas como estou de bom humor, vou te contar o que se passou. Nos trechos em que não aparecem minhas pegadas, eu estava dando uma levitadinha básica.
- Sei, sempre a desculpa de voar. E levitar pra que?
- Pô meu, cheio de micose essa praia. Se eu piso direto em certos locais, ia acabar pegando uma doença de micose!.
- Micose?? Caraio, isso explica essa coceira fudida no meio dos meus dedos - Falo já esfregando os pés no chão. Jesus corrige:
- Não Velho, no meio dos seus dedos é frieira mesmo, você não pode pegar micose de um sonho.
- Pode crer! Sou um asno mesmo! Mas...se era sonho, porque você levitou?
- Sei lá eu! E ora Velho, o sonho era seu, você que deve me explicar isso. Porque levitei em seu sonho afinal??
- Porra, levitou por causa da areia com micose, já não te falei isso, Jê??!
- Viu? Se você sabia , porque ficou me questionando?? As respostas sobre suas perguntas estão dentro de sua alma - finaliza Jesus espreguiçando-se com os braços - só você não as vê...
- Ai ai ai, mas que coisinha mais meiga, Jê!
- Olha o respeito!
- Foi mal, to só brincando, cara nervoso... e feliz niver procê se a gente não se ver ate lá!

sábado, dezembro 16, 2006

Delongas.

Fato: Este ano escrevi um punhado de textos, muito poucos mesmo. O que voces leram por aqui e no Abobra, são em maioria contos de 2004/2005. Isso deveu-se por falta de tempo, que quando sobrou, me levaram a outras tarefas igualmente prazerosas como escrever.

O Worm é um cara das antigas que anda pela blogesfera a bastante tempo, escreve no Veio da Toca e tem ate um blog proprio (nussa!!), que chama-se wormelho. Ele esta postando no Abobra e agora aqui tambem, isso por mandar muito bem no que escreve e me pra me dar uma força nos dois blogs nesse periodo infertil e seco dos ultimos meses. Leiam na boa, é biscoito fino.

Sobre o abobra:
Por mais que eu tenha acesso aos recursos do blog, tenho a delicadeza de sempre consultar o dono (gory) sobre o que pode ser modificado por la. Inflamos o numero de membros e isso nao teve resultados. No momento, fica do jeito que esta, nao quero me comprometer com novos invites sem consultas, visto que o gory esta sem net.

Ok!

sexta-feira, dezembro 15, 2006

3.1



Engraxava sapatos depois da aula. A mãe pensava que como os outros meninos, estava a jogar bola ou empinar pipa. Ele confirmava. Nunca contou nada sobre seu trabalho. Economizava tudo que podia em uma latinha de leite em pó, providencialmente enterrada no quintal de casa, atrás da casinha da privada.

Entre os cinco irmãos era oque mais fazia cara de fome. Realmente sofria, pois jamais tirou um tostão para comprar uma coxinha que fosse. Apenas flanelas e mais graxa de sapato. Escola obrigação do estado, alimentação obrigação dos pais, pensava ele.

Em um dia de extrema fome, a mãe, lavadeira, impedida de trabalhar por causa da chuva que caia há mais de uma semana, não conseguiu levantar nada com os vizinhos que também estavam em situação semelhante ele apareceu com R$ 20,00. A mãe logo achou que o menino dera ladrão. Indagou-o
- Onde arrumou esse dinheiro menino?
- Por aí. Compra logo comida e para de perguntar.
- Se tu não me conta, eu queimo esse papel.
- É do Rubão, ele me emprestou!

Ele não gostava de mentir, mas no aperto que a mãe lhe punha, esta idéia lhe surgiu. E pareceu boa.

Rubão era oque de pior podia existir. Traficante, homicida, ladrão e seqüestrador. Na posição de chefe do tráfico, não permitia desordens por ali. Atendia bem quem lhe pedia, mas, nunca de graça. Requisitava serviços e favores dobrados, seja guardando armas e drogas ou cedendo um cômodo como cativeiro. Em tempos de guerra, pedia a casa toda se esta estivesse em posição estratégica. O povo apenas calava e saia. Em tempos de paz, dava festas de arromba.

A mãe desesperou-se. Não queria dever nada ao marginal, mas aquele dinheiro era a única salvação, logo o aceitou, com o intuito de pagar no dia seguinte. Debaixo de chuva lavou e secou roupa alheia, juntou o dinheiro e mandou o menino devolve-lo. Ainda sobraria algum.
-E os juros, mãe? O Rubão sempre cobra 25%.
-Por um dia, menino? É doido?
-Então vai a senhora lá falar com ele. Eu é que não vou!

A velha com medo, cedeu.

Disso o menino aprendeu duas coisas: O poder do medo, e, guardando seu dinheirinho acrescido de juros e correção na latinha percebeu que podia ganhar mais dinheiro com trabalho alheio. Se houve uma terceira lição, foi a mãe quem aprendeu.

Deste dia em diante, nunca mais enjeitou serviço e trabalhava com muito mais afinco. Fome os meninos não passaram mais. Até mais gordinhos. A mãe emagrecera um pouco.
- Ta mais bonita - Dizia o menino

Quando ela morreu Juvêncio sofreu. Tinha feição aos irmãos, especialmente pelo menorzinho. Morreria o pequeno de fome também? Talvez não, algum vizinho acudiria. Ou o orfanato. A mãe ali, deitadinha no caixão pobre e carente de flores, com os olhos esbugalhados a fitá-lo. Será que depois de morta, a pessoa passa a saber das coisas? Não, isso ela não podia pedir, afinal, eram cinco. O orfanato levou os cinco. Ficou só.

Aproximou-se de Rubão. Pedisse oque quisesse, era capaz. E com sua competência logo promoveu o chefe que agora não era um simples bandido, e sim um mega-empresário do ilícito.
- Bom negócio esse de ganhar dinheiro com o trabalho alheio – Dizia Rubão.

Juvêncio, agora seria legalmente um homem. Completara dezoito anos. Sempre guardou e poupou, mas agora se daria um presente condizente com sua nova realidade. Comprou uma bela arma. Uma magnum .45.
Nunca havia empunhado uma, sua caneta era tão ou mais mortal, mas no momento que a segurou sentiu que a mesma era para suas mãos como uma coroa para sua cabeça. Cabeça onde sua ordem não penetrasse, a magnum transpassaria. O único que não estava sujeito as suas ordens era Rubão, a atrapalhar sua majestade. Com a ordem de um único dedo passou-o duas vezes.
Ali no chão, o chefe agonizante encarava-o com o mesmo olhar da mãezinha. Lembrou dos irmãos. Rubão ainda respira.

-Quantos tiros esta porra dá? – Deu mais 14.

Agora sim, Com a coroa definitiva, sua vida seria outra.

segunda-feira, dezembro 11, 2006



-Mete mais, com força, vai, vai, não para. – Gritava ela, até que eu interrompia-a com um estalado tapa em suas nádegas.
- Cala a Boca, porra. Oque os vizinhos vão pensar?

Ela se aquietava por alguns instantinhos e logo começava a gritaria novamente. Quando gozou então, foi um estardalhaço sem tamanho.

Ela acende o cigarrinho e sai. Na boca e nos olhos os sinais do tempo são implacáveis, mas um pacote muito estufadinho e os peitos apontando para cima. Incrível!

Sempre foi meu sonho de consumo. Muitas punhetas quando adolescente em homenagem àquela coroa enxuta. Arrisquei algo, mas como fosse muito novo ainda, não fui levado a sério.

Quando mamãe morreu, ela veio e ajudou muito eu e papai. Fiquei feliz por tê-la sempre tão próxima e tão solícita. Ainda que não me levasse a sério, sua presença me agradava. Gostava do cheiro dela. Lembro até que uma vez, aquele cheiro inebriante me levou até o banheiro, depois que ela saiu, para cheirar o papel com que ela tinha se limpado. Cheiro de cio selvagem. Tinha vontade imensa de penetrar-lhe.

Quando ela começou a namorar com papai, foi um balde de água fria em minhas taras e pretensões. Além de tudo, logo entendi que ela e papai eram amantes de longa data. Será que mamãe sabia? Ela andava triste demais na semana do acidente. Não cogito.

Do mais, ela e papai viveram muito felizes. Até que o velho sofreu o primeiro derrame. Ela cuidava, limpava e alimentava, quando começa a melhorar vem o segundo o deixando vegetativo. Cinco anos que só mexe os olhos.

Eu saí de casa quando ele teve o primeiro, e voltei somente agora, depois de sete anos porque ela me avisou que ele estava mal. Não tinha a mínima pena dele também. E vim porque ELA me avisou. Não sei o poder que ela tem sobre mim. Sua voz ao telefone pedindo minha presença excitara-me e lá estava.

Agora comia a desgraçada, com força, violência e prazer, como sempre sonhei. Ela debruçada sobre a cama, joelhos no chão, olhos fixos no do velho e caretas de ambas as partes. Ela se contorcia de prazer e ele de revolta. Seus olhos eram de uma expressão medonha, poderia matar alguém com ele se quisesse, mas eu não, morreria de tanto gozar.

Ela gritava, eu com algumas bofetadas a silenciava, mas logo ela continuava:
-Mete, força, vai, soca com força aiiiiii....
Outra bofetada, ela parecia gostar de apanhar.
-Cala a boca mulher, quer que os vizinhos todos descubram é? Vais acordar todos.

Enquanto forçava a entrada no seu cuzinho, papai fechou os olhos. Uma lágrima rolou nos seus olhos ao vê-la derramando lágrimas de alegria e dor, sem um gemido.

Passei a bombar com violência, o velho, a nossa frente, suspirou forte e morreu. Ela voltou a gritar:

- MEU DEUS, MEU DEUS, MEU DEUS...... AHHHHHHHHHHHHH – E gozou novamente.

sexta-feira, dezembro 08, 2006

2.

2.


-Prostituta filhada puta, Aiiiiii.. desgraçada, cadela sarnenta, grrrrrr....

No intervalo de paz que a escabiose lhe dava, pensava a desculpa que daria em casa. Como explicar? Ainda mais naquela região. Primeiro pensou em culpar a poltrona do avião, o banheiro do hotel e a lavanderia por contaminar sua cueca. Depois, mais sórdido, pensou em culpar a própria mulher, ela entenderia ao menos que pode acontecer com qualquer um, e não é preciso nem ao menos ter culpa em cartório. Um plano doido, mas com grande chance de dar certo. Compraria uma Lingerie especial para enviar à mulher, usaria-a por dois dias para impregnar até o ultimo fio do tecido com a sarna e enviaria pelo correio. Não, pelo correio não, eles esterilizam os pacotes com ultravioleta para evitar ataques de antrax. Enviaria pelo Razeira que partiria dois dias antes dele.

Comprou a lingerie mais sexy que encontrou, vestiu-a ainda no provador da loja, para impregnar bem. Tomou alguns drinks, a coceira amenizou. Dormiu com ela.

Acordou atrasado. A calcinha rasgada.

-Ou eu rasguei dormindo, ou esses bichos filhos da puta consumiram o tecido!

Sobre a mesa não estava mais o embrulho com a peça do sutiã. Apenas um bilhete.

“Caro Décio

Procure comprar tecidos antialérgicos e peças mais largas, pois já é notórioque essas que entram no rego andam atrapalhando sua performance.

De qualquer forma, estou levando sua encomenda para Márcia.

Ps. Preta assim, não combina com sua bunda. Tente o vermelho que é universal!
Ps2. Cu de bêbado não tem dono. Se fodeu. hauhauahauhauhauhuauahua

Razeira”

-Razeira seu filho da puta, Aiiiiii.. desgraçado, cão sarnento, grrrrrr....

Seus dois dias que restavam em New York foram suficientes para o melhor dermatologista da cidade quase resolver seu problema. Custou o olho da cara, mas o olho do rabo agradecia. Só não piscava por ainda estar dilatado da violação sofrida.

Voltou para casa mais tranqüilo e culparia uma alergia qualquer. Entrou quieto, faria surpresa a mulher. Subiu as escadas com cuidado, entrou no quarto. Ela não estava lá. Ouviu gemidos vindos do banheiro, a feição do rosto de Décio agora era outra. Apurou os ouvidos, ouviu:

-Razeira seu filho da puta, Aiiiiii.. desgraçado, cão sarnento, grrrrrr....

Um latido chama a atenção dela. Ele abre a porta com violência e lá estava ela, tomando banho de assento, um forte cheiro de creolina no ar.

-Que porra é essa Márcia? E esse cachorro ai?

-Oi amor, não estava esperando.

-Que ta havendo?

-Então, na ONG Amigo Bicho, vi esse cachorrinho lindo sofrendo e adotei, mas acho que ele está com sarna. Me contaminou.

-Justo na vagina, Márcia?

-É que ele ficou trancado aqui enquanto eu trabalhava e acho que mexeu nas minhas calcinhas.

-FILHO DA PUTA!!!

-Calma, amor. Poderia ser com qualquer um!

-O Razeira esteve aqui?

-Só de passagem. Obrigada pelo Sutiã!

-Cadela safada de esperta – Olhando o pobre cãozinho. - Pelo menos não tentou me dar uma cueca contaminada - Pensa.

-Não é uma cadela, é um cachorro!

-É. Um cachorro também - Pensa em Razeira - E comeu minha cadela. Pelo menos não tentou me dar uma cueca contaminada - Pensa ele.

Em algum lugar, Razeira sofria pensando a desculpa que daria para a mulher. Onde teria pego essa coçeira? Décio? Márcia? Só pode ser. Casal de cães sarnentos!
1.

Em 1980, Décio já exibia sua arte, ate então oculta.
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Décio Novaes era seu nome. Conquistou o topo, foi diretor executivo de uma multi nacional aos 48 anos. Décio é culto e inteligente, veste-se com primazia, fala inglês, francês e alemão com fluência nativa, mantem seu corpo em boa forma e sempre sorri em gentilezas. É respeitado pelos homens e cobiçado pelas mulheres. Atualmente está aposentado mas é figura fácil na Europa e nos Estados Unidos, orientando ou palestrando sobre liderança empresarial a restritos grupos de CEO’s. Esse fato, o faz passar pouco tempo com sua esposa, a maravilhosa Márcia, uma lindíssima balzaca que alem de manter-se numa forma física invejável, também atua em ONG’s contra as desigualdades sociais. E essa distancia freqüente do casal é a culpada por uma mancha no quase indelével caráter de Décio: as prostitutas. Com muita distinção, Novaes paga por sexo casual em suas viagens. E a falta de critério na escolha da prostituta , há dois dias , causou um serio transtorno na vida desse homem.

Na quarta feira seguinte, Décio exibia gráficos no palco de uma universidade de Nova Iorque para cerca de 80 participantes quando teve o sintoma e a primeira crise. Ele sentiu o desconforto com certo espanto. Aquilo foi aumentando progressivamente e a tomando conta de si, como fogo consumindo papel. Ele tentou andar pelo palco, talvez isso ajudaria, mas pareceu ter piorado. Inadiável como tinha que ser, incontrolável como sempre é, tomando dimensões catastróficas, minando as sólidas bases do mais forte dos homens. Nunca Décio interrompera uma palestra, mas dessa vez era impossível prosseguir:
- Senhores, me ausentarei por alguns instantes. Volto a seguir, me perdoem mas é mais forte que eu...
Avisa aflito ao microfone, pouco antes de disparar em direção aos bastidores . O corredor tem gente por todo lado, alguns sem entender nada ao ver o desespero do orador. Desvencilhando-se de todos, finalmente Décio entra em seu camarim, enfia a mão nas nádegas por dentro das calças e coça violentamente seu rego e adjacências, nisso incluso também o cu e suas beiras.
- Ufa! Rapaz(!) , que diabos de coceira é essa? - Pergunta-se levando os dedos ate a ponta do nariz dedos e cumprindo o ditado popular que diz "quem coça o cu, cedo ou tarde cheira o dedo".
Naquela noite, a comichão rastejou por todas partes intimas do infeliz. Hora no escroto, hora no pênis, hora no rabo todo. Foram oito interrupções na palestra e total descrédito dos espectadores. No palco, Décio às vezes rebolava ou fazia movimentos estranhíssimos com as pernas, tentando contornar a coceira, mas invariavelmente, era obrigado a fugir e trancar-se no camarim. O incomodo lhe seguiu no retorno ao hotel, a bordo do carro e só lhe deu paz na cama. E voltou implacável no dia seguinte. Era sarna, daquelas mais fudidas que existem.

segunda-feira, dezembro 04, 2006

Fronteiras.



O par de guardas suíços do vaticano, permanecia imóvel junto aos portões , apesar da fina garoa da madrugada. O responsável pela ronda interna era Paul que caminhava preguiçosamente pela penumbra dos corredores internos, ensaiando bocejos silenciosos ao conferir a calma tediosa do lugar. A luz que escapava pela fresta inferior da porta de um dos inúmeros quartos da ala de alojamento Sacerdotal, chama sua atenção. Paul aproxima-se cautelosamente e encosta o ouvido, conferindo algum indicio de conversa.
O cheiro doce e inconfundível que remete a recente juventude, hoje esquecida, lhe enche os pulmões em forma de fumaça. Por alguns segundos, Paul se desarmara de sua função, e inspira forte, na boba ilusão de que isso surta algum resultado. Refeito da surpresa, vasculha nos bolsos, a procura da chave mestra que logo a seguir está abrindo a porta de supetão:
- Perdão Santidade, mas notei luz em seu quarto.
O Papa tem a mão no coração, deitado com uma bíblia aberta na outra mão.
- Tomei um susto. Estava aqui lendo minha bíblia, quando a porta se abriu repentinamente...- Paul olha desconfiado enquanto o Papa parece preocupado - mas não entendo, não se pode mais ler aqui?? Porque a intromissão, Paul?
- É que...esse cheiro me é bastante familiar...
Abanando-se em denuncia, o sumo pontífice tenta explicar:
- Cheiro? Ah, é incenso. Acendi pra orar...- Diz sem muita convicção. O guarda observa os detalhes da cena, na certeza de algo errado:
- Senhor, sua bíblia esta de cabeça pra baixo.
- Hã?...sim, sim, às vezes leio - o papa entorta o pescoço - invertida mesmo...é pra prestar mais atenção...
- Santo Padre, tem uma marica no cinzeiro. Definitivamente o senhor estava fumando maconha aqui no quarto.
- EU?? Eu NÃO! Tava lendo a bíblia, aqui, sossegado, na boa...
- Papa, o senhor está fumado. - Paul levanta o lençol e confirma debaixo da cama - Eu sabia! Aqui estão as provas, um pôster do Bob Marley e uma camisa da Jamaica! Onde esta o tijolo? Hein, cadê ? - Vocifera Paul, inquisitivo. O papa, rapidamente constrangido, assume o ato, enquanto levanta-se da cama num tom mais agressivo :
- Fumo MERMO! Uma nóia do caralho esse Vaticano, só se bebe essa porra de vinho PIAGENTINE , não tem mulher, não tem MERDA NENHUMA pra se fazer aqui, esse monte de velho bicha, nunca vi lugar pra ter tanto viado, tá louco...e se cismarem com meu baseado, vou surtar GERAL, tô avisando! E vá se foder que quem manda aqui, ainda SOU EU, seu insolente!
Estarrecido, Paul tenta negociar uma chantagem:
- Creio que essa informação possa abalar toda fé crista...
O Papa sorri cinicamente. Abre seu criado mudo, pega um cigarro de maconha, o alinha nas pontas dos dedos e o acende na vela que ilumina um pequeno altar:
- Amigo, você acha que alguém que se veste como você, tem alguma credibilidade?

O trio de guardas suíços do vaticano, permanecia imóvel junto aos portões...