segunda-feira, agosto 21, 2006

Prólogo.

No luxuoso e envidraçado casarão, Jose esfrega ansiosamente as mãos depois de servir-se de uma boa dose de uísque. Uma espiada rápida pela persiana fechada e tudo parece tranqüilo.O celular toca e ele atende de pronto:
- Alo?
- Confirmado. Ele entrou no prédio.
- Ótimo! Vou dar o sinal. – Responde com forte sotaque interiorano de São Paulo. Jose fecha o aparelho, pega outro celular do paletó e liga avisando o interlocutor – Temos de dez a vinte minutos, ele já está dentro. Podem enviar os caças.

Dado o recado e alguns momentos depois, quatro aviões cruzam o céu sobre o casarão . Jose sente o tremor e se assusta com o impacto da explosão distante. E vai se acostumando com o ruído das seguintes. Ouve as primeiras sirenes e os jatos cortarem o ar já sem surpresa. Agora com as persianas abertas por completo, Jose vê o clarão do fogo e as longas colunas de fumaça negra se formando no horizonte . Desencapa cuidadosamente o charuto preparado para ocasião e o acende com um sorriso discreto. Senta-se na poltrona de couro, dá uma breve tragada , bate a ponta do charuto no tampo de mármore da mesa de canto e fala observando o próprio ato:
- Do fogo sobram-se sempre as cinzas... somente cinzas.

Nenhum comentário: