sexta-feira, dezembro 08, 2006

2.

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-Prostituta filhada puta, Aiiiiii.. desgraçada, cadela sarnenta, grrrrrr....

No intervalo de paz que a escabiose lhe dava, pensava a desculpa que daria em casa. Como explicar? Ainda mais naquela região. Primeiro pensou em culpar a poltrona do avião, o banheiro do hotel e a lavanderia por contaminar sua cueca. Depois, mais sórdido, pensou em culpar a própria mulher, ela entenderia ao menos que pode acontecer com qualquer um, e não é preciso nem ao menos ter culpa em cartório. Um plano doido, mas com grande chance de dar certo. Compraria uma Lingerie especial para enviar à mulher, usaria-a por dois dias para impregnar até o ultimo fio do tecido com a sarna e enviaria pelo correio. Não, pelo correio não, eles esterilizam os pacotes com ultravioleta para evitar ataques de antrax. Enviaria pelo Razeira que partiria dois dias antes dele.

Comprou a lingerie mais sexy que encontrou, vestiu-a ainda no provador da loja, para impregnar bem. Tomou alguns drinks, a coceira amenizou. Dormiu com ela.

Acordou atrasado. A calcinha rasgada.

-Ou eu rasguei dormindo, ou esses bichos filhos da puta consumiram o tecido!

Sobre a mesa não estava mais o embrulho com a peça do sutiã. Apenas um bilhete.

“Caro Décio

Procure comprar tecidos antialérgicos e peças mais largas, pois já é notórioque essas que entram no rego andam atrapalhando sua performance.

De qualquer forma, estou levando sua encomenda para Márcia.

Ps. Preta assim, não combina com sua bunda. Tente o vermelho que é universal!
Ps2. Cu de bêbado não tem dono. Se fodeu. hauhauahauhauhauhuauahua

Razeira”

-Razeira seu filho da puta, Aiiiiii.. desgraçado, cão sarnento, grrrrrr....

Seus dois dias que restavam em New York foram suficientes para o melhor dermatologista da cidade quase resolver seu problema. Custou o olho da cara, mas o olho do rabo agradecia. Só não piscava por ainda estar dilatado da violação sofrida.

Voltou para casa mais tranqüilo e culparia uma alergia qualquer. Entrou quieto, faria surpresa a mulher. Subiu as escadas com cuidado, entrou no quarto. Ela não estava lá. Ouviu gemidos vindos do banheiro, a feição do rosto de Décio agora era outra. Apurou os ouvidos, ouviu:

-Razeira seu filho da puta, Aiiiiii.. desgraçado, cão sarnento, grrrrrr....

Um latido chama a atenção dela. Ele abre a porta com violência e lá estava ela, tomando banho de assento, um forte cheiro de creolina no ar.

-Que porra é essa Márcia? E esse cachorro ai?

-Oi amor, não estava esperando.

-Que ta havendo?

-Então, na ONG Amigo Bicho, vi esse cachorrinho lindo sofrendo e adotei, mas acho que ele está com sarna. Me contaminou.

-Justo na vagina, Márcia?

-É que ele ficou trancado aqui enquanto eu trabalhava e acho que mexeu nas minhas calcinhas.

-FILHO DA PUTA!!!

-Calma, amor. Poderia ser com qualquer um!

-O Razeira esteve aqui?

-Só de passagem. Obrigada pelo Sutiã!

-Cadela safada de esperta – Olhando o pobre cãozinho. - Pelo menos não tentou me dar uma cueca contaminada - Pensa.

-Não é uma cadela, é um cachorro!

-É. Um cachorro também - Pensa em Razeira - E comeu minha cadela. Pelo menos não tentou me dar uma cueca contaminada - Pensa ele.

Em algum lugar, Razeira sofria pensando a desculpa que daria para a mulher. Onde teria pego essa coçeira? Décio? Márcia? Só pode ser. Casal de cães sarnentos!

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