sábado, abril 22, 2006

1973
Boêmia.


Fim da madrugada, o frio , a garoa fina que molha muito, mas de mansinho, sem avisar. Ele vem cambaleando, se escorando pelas paredes e com medo dos paralelepípedos. Quando chega no portão, a mulher já o aguarda com os olhos ardendo de sono. Ampara e o ajuda a subir a pequena escada que leva corredor do antigo chalé. Ela retira seu chapéu, seu paletó e lhe passa uma pequena toalha no rosto. Ele senta-se exaurido na cama e olha sem foco para o rosto da mulher que sai em passos miúdos para a cozinha, foi pegar um café amargo. Quando volta, Agustinho está atravessado e estatelado no leito. Ronca forte e cheira a álcool. Amélia se ajeita no cantinho da cama que sobrou. Ajeita o cabelo na testa do marido com as pontas dos dedos e suspira. Enrosca o braço no peito do amante e finalmente dorme aliviada. O galo canta e avisa que o dia começou.

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