sábado, dezembro 19, 2015


sábado, maio 14, 2011

Curso de Internet. – Capitulo: O fim dos Blog´s.

Em 2002, a internet já era cheia de putaria e sacanagem e todos gostavam disso. Mas como sempre tem um filho da puta pra estragar tudo, criaram os Blog´s. O blog era pra ser um lugar onde o sujeito descreveria seu dia a dia mas acabou por criar um divisão entre os usuários: Os que faziam blogs e os que comentavam nos blogs. Sem culhao suficiente pra escrever um post, alguns comentadores viviam perturbando os blogueiros com insultos e humilhações, fato que causava muita desavença.

Fartos, os donos dos blogs começaram a controlar os comentários, filtrando somente elogios e afagos, apagando e bloqueando qualquer citação negativa. Assim, todos os blogs do mundo tornaram-se ótimos, só gerando felicidade e bem estar. Frases como “Teu blog é demais!” , “Te adoro!” e “Você manda muito bem!” apareciam ate nos comments do Kibeloco, era impressionante.

Do outro lado, os comentadores bloqueados, estavam cheios de ódio e rancor, presos por IP´s , no limbo da internet e tramando algo terrível para os donos dos blogs: O Twitter. Como ninguém sabia o que estava por trás daquilo, o ego astronômico dos blogueiros os fez caírem na cilada ardilosa chamada “seguidores”. Só que agora era diferente e ninguém podia criar algo muito complexo , limitados pelos 140 caracteres, no Twitter todos eram comentadores. Estava criada a vingança.

Numa fantástica jogada de marketing, a elite dos comentadores bloqueados passaram a se autodenominarem Troll´s , uma categoria altamente profissional e treinada para desestabilizar os pobres blogueiros, agora reféns do Twitter e com seus blogs falidos .

Os troll´s mantêm o controle de todo o conteúdo do Twitter, mantendo células de agentes infiltradas em todos perfil´s, trollando sistematicamente o @cardoso, por exemplo ou criando fakes melhores que os originais.

Nunca na historia de humanidade ocorreu uma vingança tão complexa e elaborada como essa, os Troll´s tomaram a internet e ultrapassaram suas barreiras, destruindo o PSDB e muito provavelmente matando Bin Laden, que mantinha um blog sobre porcelana e metido a besta no Wordpress.

Por fim, tome muito cuidado com tudo isso, você não sabe exatamente quem está lhe trollando, mas o Troll sabe quem você é.

terça-feira, novembro 04, 2008

Americanos aprovam banheiros comunitarios e mijam com euforia durante a eleição
Andei olhando esse tal de twitter. Por mais que eu tente, nao vejo a minima utilidade nessa merda hypada ao cubo.
Livre da pressão dos acionistas do Abobra, curto merecidas ferias numa praia cubana. Um cuzinho nativo agora cairia muito bem.

segunda-feira, junho 30, 2008



sábado, maio 10, 2008

Terminal.



Sou o investigador da Policia Civil, meu nome é Jose Pedro Bontempo Filho.
Depois de tanto tempo trabalhando nessa merda, aprendi que aqui todos corrompem ou são corrompidos. Eu faço parte dos dois grupos.
Delegacia é lugar de crime, de morte, roubo, tragédia, ninguém chega ali contente, e quando chega, pode ter certeza que aquela é a cara da vingança. Trazem os problemas, tua função é resolver. Alem de tudo isso, de toda essa profunda tristeza, você ainda tem que cuidar de si mesmo, tentar esquecer o que viu ou fez durante a escala e deixar pelo menos metade do sangue que traz no estomago dentro de um copo de conhaque ou aguardente. A outra metade não tem jeito, fica lá remoendo.
Quando tinha uns 6 meses "de casa", matei o primeiro. Na hora, o delegado ali me olhando de braços cruzados, zombando e duvidando calado. "Queima esse safado, Bontempo!" gritava um dos investigadores na minha orelha. Era um rapazinho de pouco mais de 20 anos, ajoelhado nu e acusado de matar um PM. Disparei quando ainda resolvia se devia fazer aquilo ou não, mas disparei no peito do coitado. "Porra Bontempo, na cabeça!" disse o delegado sacando a pistola e terminando a execução com um buraco na testa do rapaz.
Eu enjoei na hora, apoiei uma mão no capo da viatura e vomitei enquanto os homens acendiam cigarros e sorriam como se tivessem de acabado de fazer sexo. Quando fui limpar a boca, me vi ainda segurando a arma e voltei a vomitar.
"Vamos embora, Bontempo, isso é normal." falou um dos homens.
Quando disse uns seis meses, tento amenizar esse maldito dia, mas sei exatamente quando foi, dia, mês e ano. Matar uma pessoa é entregar consciência pro diabo.

quarta-feira, abril 09, 2008

Blog.

Basicamente é pra se ler, Ok?

Vou tentar.

quarta-feira, março 26, 2008

ON LINE.

quinta-feira, março 20, 2008

Pra minha Mulher.

segunda-feira, março 03, 2008

Um Domingo ao redor do mundo.

Acordei cedo e liguei a meu sherpa, explicando-lhe que hoje seria um otimo dia pra uma volta ao mundo. Sem pestanejar e duros, partimos ao porto, onde logo arrumamos lugar num navio de escravos brancos.

Meu Sherpa ja a bordo do Transatlantico "Queen Of Sucata"

Finalmente chagamos em Salvador, de onde captamos uma belissima vista de Nova York. Senti falta das torres gemeas e chorei por alguns segundos, quando meu Sherpa me chamou de viadinho. Ao fundo do lado de NYC, a famosa travessia de balsa que leva os judeus da ilha de Mahatan pra o Itapema, no Guaruja. Sem tempo, embarcamos em outra catraia até a China.


Em Salvador, muita emocao na vista de NYC sem o WTC.

Uma imagem inesquecivel nas muralhas da China: O canal do Panama que liga a Suissa ao Canada.

Bill Gates no seu Jet sky, o "IE 7.0" navegando na net e deixando um rastro de bugs.


Com tempo curto, passamos pelo Hawai e descobrimos que esse povo maconheiro ainda usa o Titanic pra ir ate o Niteroi. Na verdade ele faz a volta ao mundo nessa travessia. Ele é muito alto e nao passa por baixo da ponte.

Titanic carregado de Vascainos faz um atalho.

Finalmente quase a volta pra casa. Meu Sherpa antecipou a viagem por motivos tecnicos: "TÔ com fome, Pai!" No Pentagono (USA) , os sinais do ataque de 11/09.


O Pentagono: Todo fudido mas sem pixacoes.

Ja no Brasil , deixamos a charmosa praia de Ipanema e voltamos a Santos.

Por enquanto é só.

quarta-feira, fevereiro 27, 2008

Fevereiro de 1967 - Aeroporto Lod, Tel Aviv.


O Douglas DC-3 taxia trepidando e exalando gasolina* pela pista. Um de seus passageiros parece bastante desconfortável com a idéia de voar dentro de uma maquina tão barulhenta e com uma boa par de anos de idade sobre as asas. O interior do aparelho tem colunas de alumínio cravejadas de rebites novos e brilhantes contrastando com o antigo forro de fundo vinho e com pequenos brasões da PanAm espalhados em cruz, carimbados num padrão não casual. O homem apalpa o bolso de seu paletó, conferindo pela milésima vez, portar o pequeno saco de tecido onde há poucas horas atrás foram colocadas algumas pequenas pedras e um punhado de areia da Terra Santa. Um aviso sobre a porta da cabine dos pilotos informa que os cintos devem ser travados. Uma solícita aeromoça, percorre os cerca de 20 lugares ocupados da aeronave quando nota a apreensão do passageiro e confere com atenção o fecho do cinto, como se o ato confortasse o breve viajante:
- Não se preocupe senhor, o vôo será tranqüilo. É sua primeira viajem?
Num sorriso fechado, o passageiro balança negativamente a cabeça, enquanto confere o bolso já virando-se para a janela. E o avião decolou.

Essa foi uma fantástica aventura do destemido Homem Silencioso em Israel.

*Thanks Alberto.

terça-feira, dezembro 11, 2007

As aventuras submarinas de um famoso blogueiro.


Em 2001 um famoso blogueiro enojado da mídia e da superexposição, resolveu dar um tempo de internet e fez um retiro espiritual com sua esposa e filhos na Fazenda Recanto, situada na tranqüila cidade de São Tomé das Letras, ali pertinho da casa do caralho. Rodeado e interagindo com elementos naturais, o blogueiro deixou se ser nerd e durante esse período, nem sacar dinheiro de caixa eletrônico na cidade mais próxima ele conseguia:
- ME ENTREGUE CEM REAIS, MAQUINA MALDITA!
- Gregório, você tem que digitar as senhas para fazer o saque...
- NUNCA!
- ...e se você não tomar banho, fica fora da tenda hoje.

Sem banho, Gregório viu-se obrigado a dormir no mato, pois sua mulher era muito mais foda do que ele imaginava. Caminhando pelas matas da região, o intrépido blogueiro alimentava-se de insetos e cogumelos quando escorregou numa profunda falha geográfica e mergulhou num salto carpado dentro de um oceano submerso que havia dentro do mundo. Lá, nadou algumas vinte mil léguas submarinas e se deparou com terríveis enguias gigantes que dominavam um reino de macacos marinhos. Nosso herói prendeu a respiração e numa terrível batalha matou todas as enguias, libertando os oprimidos macacos dessa praga maligna.
Depois desse acontecido, Gregório aprovou sua estadia e esse intenso contato com a natureza na Fazenda Recanto, fazendo desses retiros, um habito anual.

- Mãe, porque sempre que o pai come cogumelo, ele pula no tanque de minhocas e fica nadando lá dentro? Isso é nojento!
- Junior, vai pra lá brincar com teus irmãos...

quinta-feira, dezembro 06, 2007

A vida sem blogs.

Por se tratar de uma droga como outra qualquer, blog vicia. E acho que foi la nos idos de 2004 que tive os primeiros contatos com isso, quando vi um amigo de trampo teclando desesperadamente e visivelmente transtornado:
- Que porra de stress é esse, Ronaldo Roberto?
Sem tirar os olhos do monitor, Ronaldo Roberto fala entre os dentes:
- Meu, um filho da puta aqui me xingou, to possesso!
- O cara te xingou na internet? Um estranho?
- Foi. Mas ta fudido, ele nem faz ideia do que vou escrever dele nesse post.
Confuso, tentei entender um pouco mais sobre isso:
- Mas tipo assim, voce esta escrevendo uma resposta porque alguem te provocou, está se dando ao trabalho de fazer isso?
Ronaldo Roberto para de teclar, afasta a cadeira de rodinhas da mesa, ajeita os oculos e me olha meio surtado:
- Cara, voce sabe quem EU sou na net?? Voce conhece ou já ouviu falar de Red Horse?? Pois saiba que esta diante dele! - Finalizou com olhar arrogante .
- Nunca ouvi falar disso não...que porra é essa de cavalo vermelho??
- É REDHORSE, idiota! Sou um cara muito foda na net, meu blog é visitado por mais de CEM pessoas por dia!
- Ah tá...e agora porque algum desses cem idiotas te xingou, voce está aí todo nervosinho...bacaca, nerd do caralho.

Blog não mata, só faz voce deixar de viver.

quarta-feira, novembro 28, 2007

Preciso escrever algo sobre isso.

sexta-feira, novembro 23, 2007

Chamava-se "Táxi Marítimo", uma catraia aberta pintada em azul céu, com detalhes verdes no calado baixo que transportavam algo entre 10 e 15 passageiros e fazia a travessia no canal do porto, entre Santos e Guarujá.
Já havia as primeiras lanchas movidas a motores a explosão, motores herdados de veículos acidentados ou sucatados e adaptados nos barcos, mas eu estava a bordo de bote movido ainda por dois remadores e orientado por um timoneiro, geralmente o proprietário da nau, que agora meio como um malabarista, caminha na estreita borda do barco ate a proa , de onde lança uma corda ao amarrador do ancoradouro da bacia do Macuco e atraca junto as escadaria .



Subo as escadas em terra, dei uma boa olhada de onde estava. O Moinho Paulista destacava-se logo a minha frente, numa construção imponente e moderna. Calculei estar na década de 40, mas não soube precisar em que ano. O lugar era movimentado, caminhões, carroças, carros, bondes elétricos e também um bom numero de bicicletas, todos chegando ou partindo . Havia poeira de areia lambendo o rosto e lama em guias para sujar os sapatos, era preciso atenção e um lenço no bolso.
Notei que desembarcavam muitos trabalhadores de Vicente de Carvalho pelos "Táxis Marítimos". Foi curioso ver os estivadores e obreiros conferirem o horário em um grande relógio branco no alto de um poste de ferro fundido, situado na lateral de uma cobertura de embarque de bondes. Era um ato corriqueiro: eles olhavam o horário e ajustavam seus próprios relógios de bolso, seguindo o destino planejado.


Numa perspectiva geral, muitos terrenos vazios, alguns sem muros ou nivelamento contrastavam com esporádicos bangalôs caiados em cores leves e telhados novos de um vermelho quase laranja zarcão. Eram loteamentos recentes e com apelo popular que aparentemente estava dando certo, vista as crianças e cães que circulavam por ruas de quase nenhum movimento e sem calçamento em direção ao Atlântico. O verde também era farto, arvoredos típicos de manguezais ainda sobrevivam apesar do aterramento da área.
Peguei um bonde que seguiu para Anna Costa e logo desci num trecho de bastante comercio da avenida.





Fotos

http://www.novomilenio.inf.br/santos/lendasnm.htm

http://trolebus.nafoto.net/

http://wrueda.fotoblog.uol.com.br/



sábado, novembro 17, 2007

Abandonei celular por opção. O ultimo quebrou, fiquei um mês sem e notei que não fez a mínima falta. Ontem um amigo comprou um novo modelo e todo feliz da vida, me mostrou os toques:

O primeiro toque é de um esganiçado em voz acelerada (Deus, quem inventou isso?) gritando "ATENDE ESSA MERDA, ATENDE O CELULAR..."

O segundo era aquela risadinha do Pica Pau. Legal né?

Na seqüência, era o Chapolim falando "Não contava com minha astúcia".

Depois, clássicos dos clássicos do celular de favelado, o tema do Missão Impossível.

Desfilaram musiquinhas de Novelas, Jornais, Hits Nacionais e Internacionais.

Culminou-se na Dança (?) do Siri, com o extra de um pequeno vídeo daquele par de bestas quadradas andando de lado e fazendo cara de engraçado.
Olhei para a cara do portador do celular, agora já o considerando apenas "um conhecido" e lhe disse:

- Meu, tu não tem vergonha dessa porra não?
- Tira foto também...
- Cara, vai te foder.

quarta-feira, novembro 14, 2007

D.C. 25

Estamos eu e Jesus lendo jornal na praça de Jerusalém:
- Me passa o caderno de esportes aí, Velho.
Subitamente eu amasso e jogo o jornal no chão ao ler uma manchete:
- Porra! Esse safado do Pilatos tá querendo um terceiro mandato!!
Jesus me olha assombrado e diz:
- Mas que filho duma puta (!), como pode uma cousa dessas?!!
Calmamente, eu o alerto:
- Jê, você falou um palavrão.
- Falei? Nem notei, foi espontâneo...
- Mas não pode, vou avisar Deus sobre isso.
- Tráira.

Subo no monte das oliveiras e chamo por Deus olhando ao céu:
- Deeeeus! Deeeeeeeeus...Tai?? DEEEEEEEUUUUUUSSS….
O filho do homem me observa muito puto e impaciente:
- Não adianta, Velho, só se vai ao Pai através de mim, desista.
As nuvens se abrem e Deus surge com suas roupas brancas e um ramalhete de lírios nas mãos. Está mal humorado:
- Quem é o idiota que ousa Me chamar? Que seja serio, Estou farto de reclamações de pestes, terremotos, dilúvios e essas cousinhas banais...
Prevendo problemas, me escondo correndo atrás de Jê , apoiando as mãos em seus ombros:
- Fudeu! Fala com o Homem aí que o negocio tá brabo...
Jesus me olha com desprezo:
- Eu?? Nem a pau, se vira com o Cara agora...e tire essas patas de mim!
Deus nota Jesus e sorri satisfeito com os braços abertos:
- Jesus é você?! Que bom Te ver , filho! Chega mais e dá um abraço no Papai !
Empurro Jesus que vai contrariado:
- Vai lá , porra!
- Não vai sair barato, Velho!
Pai e Filho se abraçam. Deus passa a mão nos longos cabelos de Jesus e o afaga:
- Tudo bom, Meu garoto?
- Tudo Pai.
- Que olheira é essa? Andas abusando da mirra outra vez?
Tento me aproximar e só foi preciso um olhar de Deus em minha direção para eu mudar de idéia. Ouço ambos de longe mesmo. Deus continua a conversa:
- E sua Mãe, Jesus, vai bem? Estou com saudades da Maria, qualquer hora Passo lá de novo. Quando Jose for viajar, avise seu Paizão aqui. - Fala apontando a si mesmo. Jê não gostou:
- Pô Pai, que papo é esse??
- Nada não, é que Meu Espírito Santo anda subindo pelas paredes...

quinta-feira, novembro 08, 2007

As aventuras do Homem Silencioso.


É fim de maio em Paris e apesar do sol leve, o vento da tarde afugenta os clientes das pequenas mesas externas nos tradicionais cafés da cidade, clientes que agora procuram os balcões e disputadas mesas do interior do estabelecimento para beber café a pretexto de uma conversa fiada. Porem, um habitual freguês ainda prefere ler seu jornal e sorver sua bebida numa mesa do lado de fora.
O Homem Silencioso ajeita o colarinho do sobretudo , protegendo o pescoço do vento e levanta o dedo para o céu, no já conhecido gesto de pedir mais um café. A garçonete usa um leve vestido pouco acima dos joelhos e treme-se ao servir a xícara:
- O senhor não prefere um lugar lá dentro?
Sorrindo com os lábios fechados, o Homem Silencioso paga o café com moedas exatas e inclinado a cabeça para frente em agradecimento, volta-se ao jornal enquanto assopra o café fumegante.

Esta foi uma fantástica aventura do Homem Silencioso em Paris.

quinta-feira, novembro 01, 2007

VOCATVS ATQVE NON VOCATUS DEVS ADERIT

Tive um Atari , um mullet enorme, tambem um TRX, um MSX, um agasalho de tres listas, uma camisa da Bolt e uma Caloi Cross.

quinta-feira, agosto 23, 2007

False Start.



Jê muito doido na festa de fim de ano da firma.


Olha como anda foda. Tenho carinho especial quando escrevo o Jê, só que ultimamente simplesmente nao consigo terminar os textos. Um exemplo com cenas de bastidores.

Jesus me vê passando puxando uma pequena carroça cheia de tonéis de vinho.
- Onde vais Velho?
- Porra Jê, foi bom te trombar. Dá uma força aqui que esse peso tá foda...
O filho de deus apóia um dos braços da carroça e me ajuda:
- Mas pra que tanto vinho afinal?
- Não soube?! Festa do Didi hoje! Vai rolar a festa do Rabo vermelho!!
- Que Didi?? - Fala Jesus já meio esbaforido.
- O Diabo. É que ele ficou gente fina e agora a gente chama ele de Didi.
Jesus larga imediatamente o apoio da carroça e com o peso ela pende pra trás:
- CARALHO Jê!! Segura que essa porra vai virar!!
A carga despenca e vários tonéis rolam ladeira abaixo pela montanha em direção a Galileia. Estou inconsolável:
- Putaquipariu, tô fudido!! O Didi vai me matar! - Jesus limpa as mãos suadas na própria túnica e justifica:
- Eu carrego você e todo peso do mundo nas costas se for preciso.
- To vendo! E largou a porra da carroça sem me avisar!
- Velho, lhe asseguro que o fardo do Diabo você não vai querer carregar. Vai por mim.

terça-feira, julho 31, 2007

Politicamente emperrado.

Vejam vocês, agora que fui preso, penso que realmente eu andava muito, digamos assim, libertino , mas precisamente libertinoso, a liberdade quase criminosa, aqui de novo agindo dessa forma e criando termos novos na língua de Camões. Foi um surto, me perdoem, não volta a acontecer, nem ao menos no msn, garanto,Worm.
Convencido a ferro e fogo que esse ato é nocivo à sociedade, não posso mais afirmar que tinha um tesão danado nas tetas daquela menina inimiga do Pokemon. Tetas que só japonês sabe desenhar, diga-se de passagem.
Doutrinado, já me arrependi de várias posições culturais, agora pensando que não devo ignorar, como sempre ignorei , os preconceitos primitivos. Lembrar de minha mãe dizendo que "meu irmão judiava" do cachorro me deixou ruborizado.
Entendam-me os negões, esses que estão na letra N de minha agenda, que agora vocês vão ter que revelar seus nomes e que o cordial "Fala criolo!" ou "Dizai preto safado!" não mais fazem parte em nossos encontros. Teu nome é João Carlos Del Rey? Agora você está diferente. Haverá encontros ainda? Quando chamo meu filho de "meu nego", sou um causa de um futuro trauma.
O então mundo de chatices, me fez crer que era eu quem decidia o que fazer, desprezando no sentido de não tornar fato, que o sujeito ali usa o cu pra divertir e chama de amor, isso que achava eu, olhe a ousadia, era só sacanagem que não me dizia respeito. Por favor, não mate as moscas, elas são parte de um ecossistema. E não chame o numero seis de meia, alguem pode se ofender.
Era mesmo um tolo cheio de ideologias esse jovem eu.

- Assim está melhor, senhor? Já posso sair?
- Não entendi nada disso que você escreveu.
- E não foi sempre assim.

terça-feira, julho 17, 2007

Bandido S/A. - Pardal


A bordo do discreto Omega amarelo ("Nóis capota mais num breca" pintado em preto na tampa do porta malas) Madureira e Buceta se dirigem a casa de Pardal, o bandido tecnológico. A alcunha era uma referencia ao personagem de Disney, já que Pardal era um delinqüente letrado que ate ler sabia:
- Buceta Encardida e Madureira! A que devo tão nobre visita? Senta aí que estou terminando uma analise e já atendo vocês! - Diz Parda num avental manchado que quase parecia andar sozinho pela magreza do portador. Curioso, Madureira aproxima-se de uma bancada cheia de sangue, estiletes, parafusos, e uma infinidade de ferramentas:
- Que porra é essa, Pardal? Vai fazer churrasco?
- Não , não, estou analisando um cu aqui. - Fala enquanto mostra um vidro de maionese com um pedaço de carne crua bem compactado no recipiente.
- Isso é um cu? Então ta fudido de "hemorróida". – Fala Buceta segurando o vidro com as pontas dos dedos. Pardal explica:
- O cu ta aqui , ó, vira o fundo do vidro.
Madureira se admira com o que vê. No fundo do pote , o ânus milimetricamente recortado:
- (!) Caraio, e não é que tem um cu aqui mesmo! Olha chefe, parece que ta ate olhando pra gente!
Pardal limpa as mãos com um pedaço de estopa e termina a limpeza nas costas do avental:
- É um pedido de João Cachaça. Ele passou fogo no filho, seis tiros, por que diziam que o rapaz era bicha ...
Madureira faz cara de nojo quando recebe o pote das mãos de Buceta e o coloca na bancada segurando pela tampa de aço e comenta:
- cu de viado... - Pardal continua:
- ...e João quis que eu confirmasse isso no cu do infeliz. Pior que esse morreu sem motivo. O cu esta com todas as pregas.
- Vixe! E agora? - Pergunta Madureira.
- Agora confirmo que era viado pesado, foda-se, já morreu mesmo. Não sou eu que vai contrariar o João Cachaça.
- Isso é verdade. - Endossa Buceta esfregando as mãos, ansioso e olhando ao redor - Mas me diz uma coisa, cadê o resto do sujeito?
- O corpo? Enterraram ontem. - Fala Pardal. Buceta insinua:
- E...tipo assim, tu só tirou o cu? Não teria assim, digamos, arrancado uma orelha, sei la? - Madureira coloca a mão na única orelha que lhe resta, como se a protegendo. Pardal estranha a conversa do bandido:
- Orelha?! Claro que não, pra que orelha? Viado usa o cu, né? - Buceta declina:
- Esquece, é que me deu fome...mas o caso é outro, Pardal: Você já ouviu falar no Homem Arame?
- Sim, um filho da puta que anda aí zuando o movimento.
- Então senta aí e vamos conversar. - Diz Madureira puxando as cadeiras da mesa.


terça-feira, junho 26, 2007

BANDIDO S/A.


Madureira entra de supetão no barraco e joga o jornal sobre o colo de Buceta que leva um susto:
- Tá loco Madureira??!?
- Louco tu vai ficar quando ver o jornal. Olha a manchete! - Diz Madureira de braços cruzados e batendo o pé. Buceta se ajeita na poltrona, alinha o jornal nas mãos e prossegue:
- Hum...humm que que tem?
- Lê aí!
- Porra, é pra ler ou pra ver?
Irritado, Madureira tira o jornal do chefe e fala em tom teatral:
- Aqui ó caralho: Homem Arame chama Buceta de "mulerzinha!"
- O QUE???!?
- Isso mesmo, "mu - ler - zi - nha"!
- Num brinca com isso homem, tá escrito isso aí??
- Com todas as letras...
- Mas Madureira, tu aprendeu a ler?
- Não. O Lamartine que leu pra mim. Um filho da puta esse Homem Arame , hein?
- Um filho da puta morto e sem orelhas! - O bandido saca do bolso um pacote de dinheiro e orienta o escudeiro - Madureira, vai lá e compra o jornal todo, de toda banca, esse miserável não vai me caluniar assim não...ah, trás também uma fonte de celular bi volt que a minha queimou. Enquanto isso penso numa vingança mortal!
- Pode deixar chefe!

terça-feira, junho 05, 2007

Pentágono – 2:18 hs. A.M.


- Temos pouco tempo para a ação...- Avisou o líder pouco antes das grades de acesso ao elevador serem arremessadas pela explosão no topo do prédio. Descem por cabos de aço do fosso, três homens devidamente mascarados e vestidos totalmente de preto.
ZiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiP!
Instalados agora no topo da caixa do elevador, Thompson abre o portal de acesso de serviço e pula dentro do aparato já checando com uma pistola, possíveis seguranças no local.
- O lugar está limpo como informado!
Os feixes de luz das lanternas vão se cruzando pelos corredores do edifício enquanto os três homens efetivam a invasão.
Rrouuuiii!
Doug alerta o líder sobre um ruído estranho enquanto bloqueia a passagem dos parceiros:
- Steve, ouvi um barulho, parado aí!
- Que barulho? Será alguém? O prédio não está vazio? - Questiona Steve com a arma em punho.
Rouuuu!
- Ouvi de novo! - Sussurra Doug. Steve concorda:
- Agora eu ouvi. Não estamos sós. - Thompson fala confuso:
- Não ouvi nada, que ruído vocês ouviram? - Steve explica nervoso:
- Um ronco ou algo parecido. Vamos com cautela, tem algo de estranho....
ROOOONK!
Imediatamente os três homens saltam e apontam suas armas a procura do som. Doug fala bem baixo:
- Ouviu??!?
- Mais ou menos...foi muito alto? - Pergunta Thompson. Steve arrasta-se no chão em direção a ambos:
- Um ruído alto e estranho. Não parece ser humano, temo que tenhamos aqui algo sobrenatural.
Thompson levanta-se com cuidado e avisa os amigos:
- Vou chegar, vou na frente...- O líder o impede:
- Nada disso, vamos nos manter juntos, não sabemos o que é isso...
ROOOOOUUUUNNNNNNKKK!
Steve e Doug olham pra a barriga de Thompson que fala sem graça e soando em bicas:
- Eu falei que queria ir na frente... foi mau galera, cheio de gases, to querendo soltar um peido desde lá de cima...
Furioso , Doug tira o capacete a o joga contra o chão:
- PRA CASA DO CARALHO, CARA!! MAIOR ESQUEMA DE INVASÃO, NOME AMERICANO E TUDO E TU ME DIZ QUE QUER DAR UM PEIDO NO MEIO DA HISTORIA???!?
Steve já retira o colete e afrouxa o zíper do casado:
- Verdade Thompson, podia ter segurado um pouco a onda...
- Num dava - avisa Thompson abanando-se - foi a feijoada. - Doug está indignado:
- Putz, ainda fala de feijoada aqui??!? Olha, não vai dar pra continuar não, vou sair fora.
- Me too. – Avisa Steve carregando suas coisas e seguindo Doug enquanto Thompson se tranca no banheiro.


sábado, maio 19, 2007

Bandido S/A.

Emocionado, Buceta Encardida recebe das mãos do motoboy a encomenda detalhadamente embrulhada. E não perde tempo entrando na sala já avisando o comparsa , enquanto destaca o CD gravado do compartimento após abrir o pacote:
- Madureira, sai fora do Preistaixiom que chegou meu livro do Roberto Carlos!
Resignado, Madureira responde sem tirar os olhos do televisor:
- Nem fudendo, é a ultima fase da Tomb Raider e to sem memory card! Num ME fode!
O negro de quase dois metros de altura, renomado bandido criminoso e temido matador, se mostra contrariado e avisa:
- Meu filho, brinca com isso não...
Jogando o joystick no chão com o impacto necessário para não causar danos ao objeto, Madureira é a inconformidade em pessoa:
- Caralho Buceta, é sempre isso quando eu to jogando, quando não é porra de novela é merda de Turma do Didi! Agora é esse viado do Roberto Carlos...
- Respeite nosso rei, seu ignorante musical!
- Outra coisa, se é livro pra que o vídeo game??!!?
O negro ajoelha-se diante do console e instala o cd delicadamente. Olha com superioridade para o fiel escudeiro e comenta:
- Estamos no futuro, meu pequeno Madureira. O cara do Primeira Mão, que vendeu o disco, disse que agora livro é em cd. Não entendo direito, mas acho que o Roberto Carlos vai "cantar" o livro pra mim...liga o bagulho aí!
- Cabuloso hein...
Duas horas depois, Buceta e Madureira estão bufando na porta do vendedor do Primeira Mão que precavido com a presença de ambos, explica pelas grades do portão:
- PDF, eu disse, tá em PDF.
- F o que? Que se foda se é P ou B, o caso é que o disco não toca nem no carro - Desconfiado, Buceta pergunta disfarçando ao parceiro - Que porra é essa de F não sei o que , Madureira?
- PDF? É Policia Federal, né não?? Putaqueuparil, esse puto é cana! Queimo ele agora, chefe? - Madureira agarra os colarinhos do vendedor pelas grades e lhe aponta uma pistola na testa.
- Calma, deixa ele se explicar...Daí rapaz, que tem a policia federal com isso?
- (Apavorado) Pelo amor de Deus, PDF é um arquivo de computador!! Todo mundo sabe !
Surpresos, os bandidos se entreolham e dizem em coro:
- AAAAH caralho, computador!!- emenda Madureira soltando o rapaz e ajeitando a arma na cintura:
- Era só falar que era pra computador...mas que a gente já sabia, veio aqui só pra confirmar...
- Claro, claro, todo mundo sabe disso. - Sorri um sem graça Buceta enquanto entra no Omega 94 - Simbora, Madureira, vamos ouvir o disco no computador lá de casa!
No carro o incomodo silencio de cinco minutos é quebrado por Madureira que dirige o veiculo:
- Tu é burrão hein chefe!
- Burro é o caralho, como vou saber que o disco era de computador?
- Perguntava quando comprou. Agora vou ter que voltar lá à noite pra matar o cara pela nossa humilhação...
- Verdade. E computador, onde a gente vai arrumar?
- Trago o do infeliz, morto não precisa de computador. Ou fala com o Iristeu que ele dá um jeito.
- 'Proveita e traz as orelhas do falecido pra mim. Nossa, aquilo com batata vai ser o bicho...

sexta-feira, maio 18, 2007

RC


Após ler o livro biográfico que Roberto Carlos precavidamente impediu de ser comercializado, cheguei a algumas conclusões pessoais sobre o cantor.

O cara é um chato fudido, um pentelho sem precedentes.
Teve sucesso e faturou (em ambos os casos de forma megalomaníaca) logo no inicio da carreira.
Expeliu cerca de 15 bilhões de litros de lagrimas ate o fechamento da edição. RC é narrado citando “chorei muito naquele momento” durante todo o livro.
Comeu metade do Brasil durante as décadas de 70/80.

Faltou contabilizar as broxadas femininas. Sim, porque não teve ser fácil pra uma mina entrar com um Rei num quarto e acabar encontrando um perneta na cama.

- É uma brasa, mora! Agora deixa eu tirar essa perna pra ficar mais a vontade com você.

quinta-feira, maio 17, 2007

Tava com saudades do meu blog.

Das coisas que escrevi, do tom cinza, do template metido a besta.
Preciso andar mais por essas bandas.

quarta-feira, abril 11, 2007

Apagão do Abobra.



Vejam voces, tenho uma suspeita sobre o apagão do abobra....TRIM.....TRIM....um momento, o telefone esta tocando....
- Prefeitura boa tarde...não senhor, vou transferir ao ramal correto...de nada.
Como eu estava dizendo, as reprises de post tem abundado...PEMMMM....um segundo, a campainha do balcão.
- Pois não senhor...certo, o senhor está com o protocolo da nota fiscal? Ok, pode passar na tesouraria que ja foi liberado.
Voltei. Tenho uma teoria pra esse abandono que acontece...MINIMIZAR.
- Sim chefe. Pras 16 horas? Nem fudendo, não dá tempo! Sim...claro, farei o possivel, acredito que lá pelas três já tenha terminado...
Espera sentado, filho dUMa puta...então, será que não existe um complô.... TRIM .... TRIMM
- Prefeitura. Hum. Não. Qual é o numero do processo? Hum....não, sem o numero só pessoalmente...não tenho acesso daqui, senhora...boa tarde.
Penso que seria uma teoria...PEMMMM
- Caralho dessa campainha...em que posso ajuda-la? Ali senhora, balcão cinco. De nada. TRIM...TRIM...TRIM...TRIM...PORRA, NINGUÉM TÁ ESCUTANDO A MERDA DO TELEFONE TOCAR???!? ALOU, PREFEITURA...sim...é que eu estava no balcão...sim...não volta a acontecer chefia...estou fazendo...ate mais.
Cornudo dos infernos! MICROSOFT EXCEL >ABRIR> Trimeste1/07.xls
Acho que os blogueiros atualmente...MINIMIZAR...TRIM...TRIM...PEMMM...YOU HAVE A NEW EMAIL!...
- Alou? Sim, é da prefeitura.

sexta-feira, março 16, 2007

D.C.

Fazia tempo que não eu via o Jê. O encontrei pensativo no alto do Monte das Oliveiras.
- Dae Jê? Tá fazendo aí?
Sem me olhar , o filho de Deus responde contemplando o vale de Jerusalém:
- Veja como o mundo é bem feito, Velho. O rio corta o vale trazendo água para a sede e peixes para a fome. As arvores trazem frutos e sombra. Das rochas fazemos ferramentas, moinhos e casas. O sol faz o trigal crescer robusto e a chuva rega a terra que recebe nossos restos com bom grado. A sapiência de Deus fez os animais domésticos conviverem mansamente com o homem, enquanto os selvagens só nos atacam por defesa ou medo.
- É. Tudo perfeito mesmo.
Jesus ajeita o cabelo por sobre a orelha e continua:
- Sim, em teoria e na pratica. E por ser animal racional, o homem montou grupos e delimitou-se em regiões que se tornaram cidades, a civilização afinal. Agora rouba, mente e mata, contrariando a vontade de meu Pai.
- Jê, se você ficar pensando nisso vai ser foda. Desencana um pouco e vai vivendo, já que você mesmo diz que vai morrer em breve.
Uma pesada lagrima desce dos olhos correndo pela face e desaparecendo na barba de Jesus:
- Você acha que pode viver normalmente fechando os olhos ou só olhando o que quer, Velho, assim como todos fazem.
- Chora não, Jê, a gente vai melhorar, você vai ver...outra coisa cara, hoje é sexta e tal, vamos dar um pulo ate a taberna da Mada, relaxar um pouco no boteco.
O nazareno enxuga os olhos e levanta-se. Passa a mão em meu ombro e vamos caminhando:
- Velho, eu vou a qualquer lugar quando você me chamar. O caso é que você tem me chamado muito pouco ultimamente...
- Não volta a acontecer, Jê, prometo. Agora vamos ver quem chega primeiro na taberna? – Digo já iniciando uma carreira alguns passos a frente de Jê.
- Vamos! - Responde Jesus de pronto, levitando e cortando o céu em disparada.
- ÔÔ!! VOANDO NÃO VALE, SEU VIADO!!



segunda-feira, março 05, 2007

O post de segunda é sobre...

A originalidade da Globo que vai fazer uma novela ambientada no Rio ( com exaustivas externas da zona sul e cenarios no Projac simulando a zona norte), nisso incluso, um par de personagens viados no folhetim. Realmente é algo inovador e surpreendente.

sexta-feira, março 02, 2007




Natal era a data em que toda a família se reunia. Uma vez por ano era aquela festa bonita, harmonia e confraternização. Seu Geraldo, o patriarca da família, ficava muito contente em ver filhos, noras, netos e toda a cambada reunida, uma alegria ver aquela casa tão grande para ele e a velha Maria de repente se tornar pequena para comportar todos. Nem a quebra do habituado silêncio o incomodava. Nestas épocas era ele mesmo até mais barulhento que os netos. Gargalhava alto e às vezes gritava bulindo com algum.

Todos traziam alguma contribuição. Peru, cervejas, refrigerantes, panetone, carnes, saladas e frutas. Cada qual trazia algo diferente e a mesa abundava por aqueles dias. Sônia não deixou de contribuir. Trouxe uma grande caixa lacrada e disse que seria aberta apenas para a ceia. Algo muito especial que queria mostrar somente no clímax da festa. Afastava as crianças curiosas e na curiosidade todos passaram aquele dia, pois ela mesma não se continha de alegre, “Vocês vão ver, vão amar”.

O dia transcorreu mais ou menos normal. Os homens bebendo uma cerveja em volta da churrasqueira e contando piadas, os netos entre uma brincadeira e outra ouviam as estórias do avô e as mulheres com os preparativos na cozinha colocavam as fofocas em dia.

Lá de fora um comenta:

- Me dá até medo pensar no que essas mulheres tanto conversam quando estão só entre elas.
- Ah, fofocas. Mulher só faz isso.
- Nada. Mulheres sozinhas são capazes de encabular até um sem-vergonha.
- Capaz homem. Me passa mais uma cerveja ai.

Lá dentro Márcinha aproveita a distância da mãe e pergunta à Sônia.

- E você mana, ta saindo ainda com aquele Augusto?
- Que Augusto? Nem lembro!
- Não se faça de besta. Um pé de mesa daqueles não se esquece assim né, Sônia.
- Ah. Você também não esquece o pintudão né?
- E quem esquece? – Gargalham juntas e mudam o assunto quando a mãe se aproxima.
- Minhas menininhas estão fofocando sobre namoradinhos é? Pergunta a simpática Dona Maria.
- Que namoradinhos que mamãe? Já crescemos e casamos... Lembra? Rebate Márcia.
- Estava falando para ela em como esse natal vai ser especial. Vocês vão ficar surpresos com minha novidade e vai ser uma revolução aqui. Torna Sônia com papo que começava e encher o saco já. Qualquer brecha e lá vinha ela com a tal revolução misteriosa. E no ano que vem nós vamos quebrar tudo! – Completa eufórica.
- Quebrar tudo? Ta doida menina.
- Jeito de falar mãe. Saúde, sucesso e dinheiro.

Sônia se ofereceu para preparar os Drinks. Tudo bem, ela tinha esse dom. Fazia ótimos coquetéis, mas espantar todos da cozinha para preparar em segredo era meio demais. Ainda mais quando disse que ia preparar com uma das maravilhas que trouxera na caixa. Ao menos já sabiam que era de comer. Por fim, com louco não se discute, se concorda. Foram para a mesa esperar

Todos na mesa, próximo à meia noite e surge ela com as jarras. Pede que ninguém tome ainda. Trás a caixa e pede espaço no centro da mesa para apresentar a novidade. Afasta o peru asado, o leitãozinho e as uvas e acomoda o embrulho. Os fogos estouram, sinal que o relógio bateu a meia-noite. Sônia serve a bebida a todos que brindam e levam à boca.

Alguns tentam disfarçar a desagradável surpresa e numa falsa cortesia engolem. Geraldo, já meio alterado pelas cervejas não consegue disfarçar.

- CUSSPPPP...Eita filha, essa merda ta estragada. Que porra é essa.
- O Sônia, você ta de sacanagem é? Um cunhado zomba do outro lado da mesa, cuspindo de volta no copo.
- Sai com esse troço pra lá que eu vou buscar cerveja.
- Calma ai papai. Ainda não. Espere só um segundinho.

Sonia não perde a calma e continua excitada. É hora da revelação. Pede calma e toma a palavra.

- Gente, vocês não vão se arrepender. Esta foi à data escolhida para eu lhes apresentar este produto que vai mudar nossa vida. Mais saúde, mais prosperidade. Vamos todos ficar ricos! Este produto é um milagre da ciência. O que de mais avançado existe em matéria de bem-estar.
- Mostra logo essa porra que eu estou com fome.
- Calma papai. Assim se estraga a surpresa, empertigando a coluna e fazendo pose. Família, tenho orgulho de lhes apresentar a HERBALIFE. Tcharam...
- Herba oque? Perguntam em coro. Enquanto Sônia vai colocando todos os produtos do kit sobre a mesa.
- Herbalife. A Maior e melhor empresa do mundo, que fabrica essas maravilhas de produtos. Hoje é o ultimo dia em que comeremos essas porcarias degradantes. Aponta o leitão e o peru. Vocês podem aproveitar para não desperdiçar, mas amanhã eu me encarrego de fazer uma consultoria grátis com todo um plano de nutrição para cada um de vocês.
- Esse suco horrível que você preparou é herbalife? Ouviu-se lá do fundo.
- Não é suco. É um shake balanceado para nutrição e restauração do organismo. Isso cura até câncer.
Dona Maria começa a envergonhar-se. Geraldo olha furioso para ela como se ela tivesse culpa. Ela reage.

- Ta me olhando porque meu véio? Eu tenho alguma culpa?
- Tem sim. Falei que mimando essa aí ela estragava. Olha aí.
- Você, com sua aporrinhação foi quem ferrou as idéias dela.

Sônia, bem treinada pelo seu mentor não deixaria a peteca cair.

- Isso de não gostar do novo é normal. Agora pensem nos benefícios. Depois que se acostuma com o gosto, é incrível. Além da saúde, vocês podem ganhar muito dinheiro com isso. Podem ficar ricos.

As vozes baixam e de novo ela toma a palavra.

- Cada um de vocês pode ser um supervisor desta maravilhosa empresa. Com ganhos extraordinários. Trabalhando em casa ou nas horas vagas, conforme a conveniência. É infalível.
- Ahã. Dinheiro do céu. Sei.
- Não Márcia. Basta que vocês consumam os produtos e indiquem mais pessoas para participar. Vocês ganham comissão sobre os indicados e sobre quem esses indicar sucessivamente.
- Porra, você faz esse auê pra tentar botar a gente numa pirâmide? Vai te catar. Agora era o irmão que se exaltava.

Márcia recolhia as coisas para dentro da caixa novamente, tentando retomar a ceia. O clima estava estranho. As pessoas impacientes e já sem muita cortesia com a louca que não parava de falar da empresa e do produto. Alguém ligou um som em volume alto e trouxe cerveja. Sônia desesperava-se. A mãe tenta leva-la para dentro. Em meio ao som alto só se ouvia seus gritos insultuosos. Alguém zomba.
- Essa Herbalife não fabrica psicotrópicos não? Que merda de empresa!
- Vocês são uns pobretões mesmo...diz em meio a muitas outras ofensas.

O Pai levanta-se, meio duro meio zangado pede com impaciência.
- Sônia, vá para casa e relaxe. Essas coisas lhe fizeram mal. Amolece um pouco ao ver a filha em lágrimas.
- Não chore, não precisa... isso, calma.. Amanhã você volta e almoça conosco.

Sonia diz algo no ouvido do pai. Ele afaga seus cabelos e discretamente bota algumas notinhas de reais no bolso dela.
- Pra ida e pra volta tá filha. Deve dar. Até Amanhã! Acompanha com os olhos a filha sair, sem despedir-se dos outros. - Rico é? Sei!